17 de junho de 2010

Sentar e ouvir a mente

E se eu disser que me apetece sentar e cruzar os braços? Será que me deixam?
As correntes amarram-nos mesmo às coisas insignificantes da vida, e quando me pergunto se me posso desprender de alguma delas, há sempre “alguém” que me responde negativamente. Mas porquê? Porque não posso simplesmente sentar-me e ficar a observar o mundo à minha volta?
É implícito que temos que andar sempre numa correria, que temos que ter sempre imensas coisas para fazer. Não trabalho, não tenho filhos, não tenho nem meia dúzia de obrigações. Então porque não posso parar? Obrigam-me a correr atrás de quem já corre, e não é nenhuma espécie de fuga, é simplesmente um caminho que está traçado e se percorre todos os dias. Esperem, tive um lapso: afinal é uma fuga. É uma fuga dos pensamentos, é uma forma de evitar cada memória e cada imaginação que possa ser criada na nossa mente. Mas quem disse que a nossa mente pára de trabalhar? Não pára, e se os pensamentos não chegam durante o dia, chegam à noite. Algum dia chegam. Evitamos hoje, amanhã sentimos.
Só quero parar de os evitar. Quero sentir. Quero relembrar e quero sonhar.
E sim, vou-me sentar e ouvir a minha mente, e quando ela não tiver mais nada a dizer então olho à minha volta e arranjo-lhe mais algumas ideias. Se me vierem dar a mão para me levantar, eu digo que simplesmente quero ali ficar.
Deixo que se juntem a mim, não tenham medo de sentir. Não é preciso racionalizar e muito menos exteriorizar. Não tem que haver qualquer espécie de explicação.
A imaginação voa por si.


1/10/09

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