27 de julho de 2010

Enganos da vida

Temos sempre tantos ideais, tantos objectivos. Criamos demasiadas expectativas em relação à maioria das coisas que acontecem na nossa vida.
E mais do que isso, esperamos sempre o melhor dos outros. Dos que pertencem à nossa vida, dos que acabámos de conhecer e dos que ainda vão surgir.
Às vezes pergunto-me por que o fazemos. No fundo acho que queremos que a outra pessoa seja igual a nós próprios. Queremos que se esforce, queremos que invista na relação, seja ela de qualquer tipo. Isto porque sabemos que um barco não anda sozinho e, portanto, não queremos ser os únicos a remar.
Mas quantas vezes foram as que o barco acabou por se afundar?
Esperamos tanto, idealizamos uma imensidão de coisas e parece que quanto mais o fazemos, maiores são as desilusões que sofremos.
Ao ler isto, não tenho dúvida que cada pessoa vai pensar num amigo que afinal não merecia esse nome, num namorado que demonstrou ser tudo menos o famoso “príncipe encantado”. Enfim…exemplos há-de haver muitos. E cada um de nós tem os seus próprios.
Apesar do quanto custa na altura da “descoberta”, hoje sabemos olhar para trás. Ou pelo menos devíamos saber.
Não se deitam fora relações, pessoas. Elas saem da nossa vida, mas não deixam de pertencer ao nosso passado.
O que temos de saber é a aprendizagem que, de uma maneira ou de outra, ganhámos com elas. Identificá-la por vezes é difícil, mas ao depararmo-nos com situações em concreto, recordamos e percebemos que aprendemos algo.
E os erros são uma constante na nossa vida e mesmo quando não conseguimos remediá-los, aprendemos com eles e sabemos que não os voltaremos a repetir, ou pelo menos fazemos por isso.
Apesar de termos consciência de todas as implicações que isso tem, não deixamos de criar expectativas em relação aos outros, mas acredito que estamos mais de pé atrás.


16/12/08

3 de julho de 2010

Agarro o vazio

Fecho os olhos e não é mais o teu toque que sinto, estico o braço mas já não te consigo alcançar. Partiste. E eu não sei onde ir para te trazer de volta.
As minhas mãos agarram o vazio, as tuas já aqui não se encontram. Se alguém agora as agarra, não o fará de certeza com tanto fulgor como eu o fazia, como eu ainda o faço nos meus momentos de solidão.
Não sei se conseguirás recordar o caminho de volta, só se o tiveres deixado traçado. Eu não o posso seguir: as tuas pegadas já foram apagadas pelo vento, o mesmo que te levou para longe.
Só nos resta uma forma de nos encontrarmos: recordando. Só as nossas memórias ainda se tocam, e nada mais.


7/8/09