29 de junho de 2010

Animalidade

Tudo se resume a uma dança de dois corpos, que se tocam e se consomem, mas que determinam barreiras, limites, dos quais se estabelece uma distância.
Não se entrega mais do que o corpo, a alma fica fechada e da chave só há um exemplar.
Dá-se vida aos instintos, e a animalidade predomina sobre aquilo que nos distingue: a racionalidade.
Não há junção de mais do que fluidos corporais e após a fome saciada não fica a restar nada.
Não há palavras a dizer, olhares a trocar. O trabalho está feito e o corpo agora pesa.
É fechar os olhos e esperar pelo próximo.


18/6/09

19 de junho de 2010

Escolhe outro trilho

Muitas vezes o preço que se paga em ser diferente é demasiado alto. Perdem-se oportunidades, perdem-se pessoas, perdem-se momentos, perdem-se experiências. Pode haver recompensa, há, eu sei que há, mas há momentos em que isso não parece suficiente.
Há momentos em que o tempo parece escassear e a vida andar demasiado devagar, com poucos desenvolvimentos importantes. Aí apetece-nos correr atrás de todos os outros, deixar-nos ir, ser o que toda a gente é, sem nos importarmos com a marca que deixamos.
Mas isso são devaneios, são instantes de fraquejo que, mais tarde, orgulhamo-nos de não os ter seguido. Porque só mais tarde podemos perceber qual a recompensa de todo o nosso esforço e de toda a coragem de seguir outro caminho.
É preciso determinação, sem dúvida. Talvez seja por isso que pouca gente o faz: é tão mais fácil baixar os braços e simplesmente seguir as pegadas já pisadas.
Mas aí não estamos a deixar a nossa marca, estamos apenas a seguir o caminho que alguém antes de nós traçou e que, provavelmente, já foi pisado por muitos mais.
O que parece que se perde num dia em escolher um caminho diferente é depois encarado como um grande ganho na nossa vida e um passo importante na nossa experiência.
Não é o medo que tem que persistir, é o orgulho!


16/6/09

17 de junho de 2010

Não cortes ainda

As tuas palavras chegam mais longe do que eu pensaria ser possível, do que eu tencionava deixar. Passam o domínio do consciente, da racionalidade, por vezes até do suportável.
As palavras estão gastas. Olho à minha volta e vejo que estão. Mas eu continuo a senti-las como da primeira vez. Continuo a deixar que cheguem ao mais fundo possível.
Não sei se as dizes como eu as entendo, não sei se é a minha própria mente que as acaba por distorcer. Mas a verdade é que tocam. A verdade é que prendem.
É assim que ainda me sabes prender. É assim que ainda consegues manter aceso o que quer que isto signifique.
Não te pergunto por significados, porque enquanto tiver apenas o meu entendimento, e não uma explicação, a minha imaginação pode chegar até onde eu a deixar.

No dia em que me cortares as asas, então aí eu assento os pés.


2/10/09

Sentar e ouvir a mente

E se eu disser que me apetece sentar e cruzar os braços? Será que me deixam?
As correntes amarram-nos mesmo às coisas insignificantes da vida, e quando me pergunto se me posso desprender de alguma delas, há sempre “alguém” que me responde negativamente. Mas porquê? Porque não posso simplesmente sentar-me e ficar a observar o mundo à minha volta?
É implícito que temos que andar sempre numa correria, que temos que ter sempre imensas coisas para fazer. Não trabalho, não tenho filhos, não tenho nem meia dúzia de obrigações. Então porque não posso parar? Obrigam-me a correr atrás de quem já corre, e não é nenhuma espécie de fuga, é simplesmente um caminho que está traçado e se percorre todos os dias. Esperem, tive um lapso: afinal é uma fuga. É uma fuga dos pensamentos, é uma forma de evitar cada memória e cada imaginação que possa ser criada na nossa mente. Mas quem disse que a nossa mente pára de trabalhar? Não pára, e se os pensamentos não chegam durante o dia, chegam à noite. Algum dia chegam. Evitamos hoje, amanhã sentimos.
Só quero parar de os evitar. Quero sentir. Quero relembrar e quero sonhar.
E sim, vou-me sentar e ouvir a minha mente, e quando ela não tiver mais nada a dizer então olho à minha volta e arranjo-lhe mais algumas ideias. Se me vierem dar a mão para me levantar, eu digo que simplesmente quero ali ficar.
Deixo que se juntem a mim, não tenham medo de sentir. Não é preciso racionalizar e muito menos exteriorizar. Não tem que haver qualquer espécie de explicação.
A imaginação voa por si.


1/10/09

16 de junho de 2010

Um por todos e todos por um

De certeza muitos de vós não sabem o que é a sensação de praticar um desporto colectivo. O que é entrar dentro das quatro linhas do campo e esquecer tudo o que se passa à volta. Estar ali, um minuto ou os quarenta, e dar o máximo de nós.
E quando naqueles momentos, talvez nos menos bem sucedidos, sentimos que não somos apenas um grupo de pessoas, mas sim uma EQUIPA! As mãos que nos vão buscar ao campo e nos sentam no banco, as palavras de ânimo quando as coisas correm mal, as lágrimas de alegria no momento da vitória, os gritos, as palmas. Cada segundo uma emoção diferente. Mas em todos estes momentos sentimos a união, porque pertencemos todos à equipa, mesmo aquele que não joga nem um jogo mas vibra mais que todos os outros. Todos a lutar pelo mesmo objectivo.
E o desporto não é só feito de vitórias, mas digo-vos: é com as derrotas que se aprende!
A cada derrota, a cada erro, aprendemos a levantar a cabeça e a seguir em frente, esforçando-nos sempre para fazer melhor.
E falo no plural porque tudo isto é um colectivo. Quando se trata de uma equipa não há “este” ou “aquele” culpado, todos se responsabilizam por algo comum.

15 de junho de 2010

Pedaços de esperança

Se a escrita parasse o tempo, viveria eternamente contigo, naqueles momentos que guardei vivos na minha memória e seguros no meu coração.
A porta ainda está aberta à espera que voltes. Não que a minha esperança seja tão intensa e credível como no início. O tempo apaga-a aos poucos, como uma onda a desgastar um rochedo. Ela permanecerá, nem que seja em detritos, mas ela será a última a morrer. Por isso a porta ainda está aberta, porque ainda podes voltar, ou porque simplesmente não desejo nada mais do que isso.
Às vezes sonho ver-te lá, a entrar como se tivesses saído apenas ontem e eu, inevitavelmente, corro para os teus braços. Queria berrar contigo, queria mostrar-te o quanto esta ausência me tem magoado, me tem transformado, mas ao ver-te só conseguia correr para ti, sem qualquer ressentimento.

Tu ainda podes voltar. Tu sabes que espero por ti. E quando não tiveres mais ninguém sei que vais voltar, porque eu não mudarei de sítio só para tu saberes sempre onde me encontrar…


2/11/09

Desperdiçar o tempo

Interrogo-me sobre o nosso rumo e se realmente nos leva ao encontro de alguém.
Não sei se é possível ter uma resposta concreta, mas não me limito a esperar que ela apareça.
A inércia que tantas vezes nos caracteriza não nos faz alcançar qualquer que seja o objectivo. As coisas ainda não caem do céu.
Há dias em que apetece revoltar-me. Há momentos em que os meus gritos mudos dão a volta ao mundo. O que me revolta é ver tanta gente à minha volta parada, é ver tantos braços cruzados, é ver tanta despreocupação. Desperdiçam tanta coisa, vivem o que não é essencial e só dão por isso quando algo, obviamente mau, acontece. Há dias que então percebo porque se diz que só se sente falta das coisas quando as perdemos.
Agora olho à minha volta e vejo tanta gente a chatear-se por coisas insignificantes, a deixar tanto por dizer, a esconder os sentimentos e o que me apetece é fazê-los ver a realidade, é perguntar-lhes se realmente é isso que é importante.
Porque é que toda a gente toma a maioria das coisas como garantidas?
E se um dia não puderem correr para os braços de quem amam? E se um dia não estiver a um simples passo quem mais precisam?
Só nesses momentos é que se vão arrepender de não ter vivido as coisas realmente importantes, de não ter dito as palavras certas nos momentos certos, de não ter dado o tal abraço…
Não temos que viver sempre a tentar desvendar o futuro, temos que viver o presente e tudo o que ele nos oferece.
Ninguém sabe o dia de amanha, por isso vivam o de hoje!


25/3/09